domingo, 26 de fevereiro de 2012

Raiva chorada só



Um mau gostar me possuiu, me exorcize
Vamos nos imaginar, sendo felizes
Um temporal cobriu meus sonhos e me disse:
"Estrela é de quem criou, que patife".

O mau gostar gostou de mim, vê e credes 
E me levou a chorar, numa rede
Me abraçou com as varandas, não impede
E deu um ombro com amor, feito um hóspede.

O mau gostar e seu lado bom, como pizza
Foi melhor do que os amigos que eu tinha
Me comprou um coração e uma linha
E me ensinou a fazer voar, feito pipa.

Agora  tenho um mau gosto, só meu
Acomodei ele no peito, mausoléu
Criatura solitária, feito eu
O mau gostar é uma tristeza que doeu. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Personagem de novela das oito que fala palavrão



Sou música que faz as folhas sambar.
Sou aeromoça com medo de altura. 
Sou liquidação de cordel.
Sou rei de Atlântida no fundo do mar.
Sou iogurte com achocolatado.
Sou doce de leite talhado. 
Sou apaixonado por Sofia, do mundo dela.
Sou espelho de Alice e da Madrasta má. 
Sou o gênio da lâmpada, realizo 1desejo. 
Sou boi bumbá em festival folclórico. 
Sou agenda permanente do ano passado.
Sou noite de amor não rolada. 
Sou brigadeiro de panela queimado.
Sou morena de Angola com chocalho.
Sou  madrugada insônia, acordado.
Sou quarta feira de cinza no inicio da semana. 
Sou baiano de latino-America africana. 
Sou tupi, índio, cacique quer apito. 
Sou passageiro da próxima estação de trem.
Sou vão, sou vil, sou bem.
Sou anão de jardim de hospital.
Sou louco de Alcatraz.
Sou inocente de Guantánamo.
Sou camaleão em preto e branco.
Sou livro guardado pra ninguém nunca lê.
Sou santo no altar sagrado que peca. 
Sou poema mal escrito por falta de amor.
Sou pornô de livraria clássica.
Sou bandido em capital projetada.
Sou defensor de greve dos marcianos.
Sou tudo de mais incompleto.
Sou sem amigos, sou nada. 





Imagem: Fabric Lenny

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Atualização

O imundo que o mundo abortou.
A matéria reprovada da antimatéria.
Fingindo que o mundo não vê.
Sinético de solos murchos feitos flores.
Que outrora possuíram vida e hoje simbolizam a dor.
Mas morreram pra provar ao mundo.
Que nada é eterno. Meu terno, ternura.
Meu caráter, imaginação pura.
Ator, aturado, atoa. Ator sem papel.
Como quem precisa de explicação.
Ex implica a ação. Como um passado sujo.
Quer voltar, mas não se some. Assume.
Entregou seu caminho até depois da morte
Agora o tédio mastiga, massacra saliva.
Um vida, com sabor de vento.